DRUMMONDI@NDO
Mundo, mundo,
Vasto mundo.
Se eu fosse uma rima,
ChaMaria Raimundo
E aMaria Maria
Que aMaria Joaquim.
Se eu fosse solução,
ChaMaria João
Que aMaria Tereza,
Que, com certeza,
AMaria Raimundo
Nesta rima sem fim.
E agora, José?
Você que se foi
Num terno de vidro,
Deixou sua arte
Com a chave na mão.
Se você gritasse
Sozinho no escuro:
Trouxeste a chave?
Sua doce palavra
A porta abriria.
E agora, José?
Se pedra fosse,
Seria um doce
No meio do caminho
A ver um burro passar,
Devagar, nos olhos da janela
Dessa vida besta de poeta.
Mas se vasto é o mundo
E não me chamo Raimundo,
Nem José, nem João
E nem sou solução,
Mais vasto é o Poeta
Na sua inspiração.
(Homenagem aos 112 anos de Carlos Drummond de Andrade)