RALO DA VIDA
Chego em casa cansado,precisado de um trono, um banho, um sofá ...
Dispo-me da labuta, preparo-me para a trégua.
No banheiro ... ralo entupido! Ninguém merece!
Apetrecho-me de luvas, máscaras, desentupidor, começa a batalha.
Aí, me bate uma idéia - velha mania de fazer poesia.
Será que alguém já fez poesia sobre ralo entupido?
Ah, só mesmo um demente, na mais alta insanidade...
Espera aí, Ralo?! Ralo entupido?!
Ralo, ralo o dia todo,
Chego em casa ralado
E continuo ralando!
Ralo entupido,
Barriga vazia,
CH não posso,
Banhar nem pensar!
Ralo entupido,
Vida entupida
De mentiras deslavadas,
De verdades ensaboadas!
Ralo entupido,
Mentes entupidas
De pensamentos vazios,
De idéias frívolas!
Ralo salário,
Que só entope as veias da gente!
Rala a paciência!
Rala a consciência!
...Entope, desentope.
Entope de ódio, desentope de perdão!
...Entope, desentope.
Entope de desgosto, desentope de prazer!
...Entope, desentope.
Entope de miséria, desentope de amor!
...Entope, desentope.
Pronto!
Ralo desentupido!
A vida escorrega pelo ralo.
Simão Pedrosa
Enviado por Simão Pedrosa em 09/11/2009
Alterado em 10/11/2010